“Filha” , foi a primeira resposta que eu dei a essa
pergunta, quando ainda era bem pequena. Talvez por achar confortável a minha
vida sem responsabilidades, talvez por reconhecer o papel social que eu
exercia, mas com certeza diante de tanto amor que recebia (e ainda recebo)
gostava do papel que desempenhava.
Mais tarde passei a dizer que seria juíza, já que rejeitava
a hipótese de ser médica por detestar ver sangue, e achar que o “senso de justiça”
andava a me rondar. Ao entrar na faculdade tratei logo de descartar essa ideia
inicial. A escolha do direito foi mantida, mas a realidade da magistratura me
assustou.
Ao longo da vida a gente vai fazendo escolhas, se
especializando, buscando a nossa vida profissional um papel de destaque, que
traga algum retorno financeiro. Alguns buscam a brecha que falta no mercado,
outros vão para o caminho mais tradicional das profissões consolidas, e no caso
do velho Direito, saturada.
Assim como na Revolução Industrial em que se implantou o
sistema de produção em série, aos poucos as profissões foram se especializando,
não basta ser apenas médico, nem só médico cirurgião, muito menos médico
cirurgião de membros superiores, tem que ser médico cirurgião de membros superiores
especializado em cotovelo. Se ainda não tiver uma outra subespecialidade que eu,
na minha visão leiga, não saiba. Nada contra as especializações! De fato o
especialista se torna perito no que faz, e desempenha a sua função com maior
maestria!
O que me intriga é que com o passar dos anos as pessoas
estão se especializando tanto que negligenciam outras habilidades que possuem. E
o cérebro fica tão condicionado naquele recorte de atuação, que já não consegue
ter uma visão macro do que aprendeu, ou pode aprender. Não falo como
especialista no assunto, até porque não sou. Sou apenas observadora das coisas,
e principalmente ouvinte dos discursos.
Já li pesquisas falando que quanto mais aprendemos coisas
novas, teremos menos propensão de adquirir doenças como Mal de Alzhaimer. E
vejo isso na vida dos curiosos mais velhos, que aparentam ser mais jovens diante
de várias habilidades desenvolvidas. Além do que é uma estratégia de
sobrevivência, quem sabe apenas uma determinada área do conhecimento, mesmo que
profundamente, está mais alheio as oscilações do mercado, e pode ser fulminado
por uma reviravolta tecnológica ou até mesmo da extinção daquela profissão, já
aquele que desenvolveu outras atividades pode se reinventar mais facilmente, e
se reinserir no mercado de trabalho.
Mas eu escrevi isso tudo só pra dizer uma coisa: (quase) nada
na vida é em definitivo. Tenho pensado nisso ao perceber que da mesma forma que
os planos podem ser traçados, eles podem ser mudados, e redirecionados. Tenho
acompanhado amigas que acabaram de se formar e têm se (e me) questionado sobre
o que fazer daqui em diante com o diploma da mão. Eu mesma já fiz e ainda faço
esse tipo de questionamento.
A única coisa que na minha vida é em definitivo é que eu sou
serva do Deus altíssimo, sigo os seus mandamentos porque o amo, e me constranjo
com a sua fidelidade e seu amor por mim a cada dia. Quanto ao resto, pode ser
que eu mude de ideia lá na frente, pode ser que eu redefina as estratégias no
meio do caminho. Só não posso é desistir, senão deixarei de viver.
Amei o texto! Fico tão feliz com o trabalhar de Deus na sua vida,Bia! Lindo de ver! Que possamos andar caminhando para o alvo mesmo com as intemperies da vida!
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