terça-feira, 1 de abril de 2014

O que você quer ser quando crescer?

   “Filha” , foi a primeira resposta que eu dei a essa pergunta, quando ainda era bem pequena. Talvez por achar confortável a minha vida sem responsabilidades, talvez por reconhecer o papel social que eu exercia, mas com certeza diante de tanto amor que recebia (e ainda recebo) gostava do papel que desempenhava.
   Mais tarde passei a dizer que seria juíza, já que rejeitava a hipótese de ser médica por detestar ver sangue, e achar que o “senso de justiça” andava a me rondar. Ao entrar na faculdade tratei logo de descartar essa ideia inicial. A escolha do direito foi mantida, mas a realidade da magistratura me assustou.
Ao longo da vida a gente vai fazendo escolhas, se especializando, buscando a nossa vida profissional um papel de destaque, que traga algum retorno financeiro. Alguns buscam a brecha que falta no mercado, outros vão para o caminho mais tradicional das profissões consolidas, e no caso do velho Direito, saturada.
Assim como na Revolução Industrial em que se implantou o sistema de produção em série, aos poucos as profissões foram se especializando, não basta ser apenas médico, nem só médico cirurgião, muito menos médico cirurgião de membros superiores, tem que ser médico cirurgião de membros superiores especializado em cotovelo. Se ainda não tiver uma outra subespecialidade que eu, na minha visão leiga, não saiba. Nada contra as especializações! De fato o especialista se torna perito no que faz, e desempenha a sua função com maior maestria!
O que me intriga é que com o passar dos anos as pessoas estão se especializando tanto que negligenciam outras habilidades que possuem. E o cérebro fica tão condicionado naquele recorte de atuação, que já não consegue ter uma visão macro do que aprendeu, ou pode aprender. Não falo como especialista no assunto, até porque não sou. Sou apenas observadora das coisas, e principalmente ouvinte dos discursos.
    Já li pesquisas falando que quanto mais aprendemos coisas novas, teremos menos propensão de adquirir doenças como Mal de Alzhaimer. E vejo isso na vida dos curiosos mais velhos, que aparentam ser mais jovens diante de várias habilidades desenvolvidas. Além do que é uma estratégia de sobrevivência, quem sabe apenas uma determinada área do conhecimento, mesmo que profundamente, está mais alheio as oscilações do mercado, e pode ser fulminado por uma reviravolta tecnológica ou até mesmo da extinção daquela profissão, já aquele que desenvolveu outras atividades pode se reinventar mais facilmente, e se reinserir no mercado de trabalho.
    Mas eu escrevi isso tudo só pra dizer uma coisa: (quase) nada na vida é em definitivo. Tenho pensado nisso ao perceber que da mesma forma que os planos podem ser traçados, eles podem ser mudados, e redirecionados. Tenho acompanhado amigas que acabaram de se formar e têm se (e me) questionado sobre o que fazer daqui em diante com o diploma da mão. Eu mesma já fiz e ainda faço esse tipo de questionamento.
   A única coisa que na minha vida é em definitivo é que eu sou serva do Deus altíssimo, sigo os seus mandamentos porque o amo, e me constranjo com a sua fidelidade e seu amor por mim a cada dia. Quanto ao resto, pode ser que eu mude de ideia lá na frente, pode ser que eu redefina as estratégias no meio do caminho. Só não posso é desistir, senão deixarei de viver.


Um comentário:

  1. Amei o texto! Fico tão feliz com o trabalhar de Deus na sua vida,Bia! Lindo de ver! Que possamos andar caminhando para o alvo mesmo com as intemperies da vida!

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